terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Querido São Valentim...


Deixe-me que lhe diga: não gosto de si.

Gosto dos seus primos o São João e o São Martinho, este último talvez um pouco por interesse, porque diz que folgo nesse dia só pelo local onde trabalho.

Em relação a si olhe acho que é o mais parolo de todos. 
Não lhe chamo piroso, porque isso também sou e não é mau.

Mas os seus corações disfarçados de graça, os seus peluches terríveis que me agoniam, as fotos impostas no facebook, ou agora as histórias espalhadas no instagram só porque tem de ser, não têm piada.

Olhe que gosto muito de histórias de amor, cá está a tal pirosa de que lhe falei. 

Gosto de histórias de amor todos os dias e não neste dia em especial.
Gosto de pessoas apaixonadas e que se entregam à pessoa que amam. 
Gosto de amores que comunicam, que nada escondem e que além disso têm a sua própria vida.

Deveríamos ser todos feitos de amor, que também engloba o fraterno e a amizade, pelo menos para mim que vivo de afectos.

Mas nunca gostei que me impusessem o que quer que seja. 
Por isso não gosto de si.

O São Valentim que vem enfeitado de um esbanjar de dinheiro louco e por vezes de presentes falsos. 
Porque devemos oferecer amor, não devemos oferecer um perfume misturado com traição.

Não gosto que o Sr. diga que os namorados têm de sair para jantar neste dia, ou ir ao cinema, ou trocar presentes, isso é demasiado aborrecido.

Não me leve a mal, mas nunca gostei de si, por isso é que para mim hoje é terça-feira, com um feed no Facebook recheado de corações, mas é terça-feira.

Então vá, até para o ano. 
Não me despeço com esperança de voltar a vê-lo mas ficarei contente se tal acontecer, será sinal de que estarei viva.

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