quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

2016 está a chegar ao fim...

Assim, a frio e de repente, digo: ainda bem que estás a terminar, quero que vás embora, foste um ano terrível.

Mas depois e porque nunca conseguirei ficar apenas com essa primeira impressão, percebo que talvez até nem tenha sido tão mau, aliás, até foi um bom ano. 

Foi só diferente daquilo que eu esperava, o que me fez aprender, de uma vez por todas, que nada é garantido, nem está reservado. Não somos árvores e aí está a beleza da vida, que flui, te sacode, te tira a poeira e te demonstra que não podes estagnar, só quando morreres.

2016 afinal foste tão bom para mim, levaste tudo o que não pertencia na minha vida e estás a mostrar que tudo tem o seu lugar e o seu tempo.

2016 o ano em que subi dois degraus em busca de um sonho e subir degraus, sentir que estás mais pertinho, é do caraças. 
Dependes de ti, da tua força, da tua mente, e no final és invadida por um turbilhão de emoções que só não saltam pelos olhos pois tens pessoas a olhar para ti.

2016 poderias ter sido  mau  se permitisse deixar-me invadir pelos sentimentos menos bons, pelas emoções negativas, mas pelo contrário, acho que foi o ano em que percebi que adoro a fibra de que sou feita.

Foi o Verão mais livre e bonito dos últimos anos. 
A segurança dos 30 em cima dos saltos altos em noites quentes, a sensação de liberdade que a música te proporciona, a companhia que queres perto de ti, sempre. 

Sou feita de afectos e rodeada de boas pessoas.
Rodeada de pessoas tão bonitas que sempre que penso nelas o orgulho e a gratidão que sinto deliciam-me.

Hoje, a 10 dias do final do ano pelo qual ansiava há muito, posso dizer: não mudava nada! Nada!

Não viajei tanto quanto queria, mas por isso mesmo vou entrar em 2017 a visitar a cidade e uma das minhas pessoas favoritas. 
Não tenho o corpo que ambiciono, porque comi tudo o que quis e fiz todo o exercício que não quis.
Não li tudo o que quis, mas vi todas as séries e mais algumas.
Não corri a maratona, mas corri em busca do melhor Hambúrguer do Porto.
Todos esses "nãos" eu também não mudava. 


Agora, venham daí as festas, o melhor Natal de sempre (que acontece todos os anos), o final do ano e um 2017 de mão dada com quem me faz acreditar que sorrir e acreditar nas voltas ou conspirações do universo é a lei mais bonita de todas.

Obrigada Vida por seres tão bonita.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O Natal está a chegar!

Cheira a rabanadas e aletria.

Os sonhos vêm de fora e estão na cabeça de cada um, porque somos feitos de sonhos.

Risos e olhares cúmplices.

Abraços disfarçados, porque não somos de demonstrar que gostamos. Mas como gostamos.

Cheira a saudade. Dos que estão no coração, mas não podemos tocar. 

Naquela casa que era a deles, que já não é a nossa, no papel, porque no coração será sempre. 

Será sempre o lar que nos abre portas, que nos acolhe com um sorriso, um estalinho e onde vive o nosso coração.

Está no sangue.

Porque fomos feitos deles, através deles, temos a mesma massa e o mesmo sangue a correr nas veias.

Isso é o que mais orgulha cada um de nós. 

Somos os Capelas. 

Somos muitos e não somos perfeitos, ninguém é.

O Natal está a chegar.

Com ele traz a magia e a nostalgia. 

Traz os jogos e o leite creme.

Os que estão longe regressam e como é bom esse regresso, aquece tudo aquilo que me falta durante o ano. 
A companhia de um pai e o carinho de uma irmã de coração.

Traz barulho, crianças felizes e amadas. Este ano com dois anjinhos pequeninos e tão especiais.

O Natal está a chegar e tudo o resto é papel secundário.

Porque continuamos aqui: juntos.

Também sei que nunca conseguirei expor em palavras aquilo que sinto em cada Natal. 

É impossível e também não valerá o esforço, sou eu que sinto, eu e eles.

Os que estão lá, de alma e coração: os meus!




terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Não quero um príncipe encantado...

Não quero alguém que tenha de estar sempre perfeito. Que siga protocolos e não desabotoe o casaco.

Quero alguém que não tenha medo do ridículo.

Que alinhe nos meus devaneios e quando digo "vamos" me diga "já devíamos ter ido".

Quero alguém que me faça sonhar, mas que me faça ter os pés bem assentes na terra. Sem filtros, sem máscaras, sem ter de ser, ter de dizer, ter de fazer.

Quero alguém que me queira tal como sou, por inteiro. Com virtudes, defeitos, pancas e manias.

Quero alguém que dance, dance na rua, dance no bar, dance onde quer que seja.

Quero alguém que coma, tanto ou mais do que eu, e que sinta que isso é sem dúvida um dos maiores prazeres da vida.

Quero alguém que me aceite. Que saiba que não tenho sempre o cabelo ou as unhas perfeitas e nem eu sou perfeita.

Quero alguém que sonhe e que lute, sem nunca esquecer de onde veio, quem lhe quer bem, e ainda menos para onde quer ir.

Quero alguém que saiba o que quer e não desista até conseguir.

Quero alguém que venha e que fique!

Com a certeza de que não será a minha metade, porque eu sou inteira!

Da felicidade...

De joelhos esfolados, meias rasgadas e cabelo sempre à frente dos olhos, despenteada.

De sorriso no rosto, mão na anca, unhas sujas de terra e sempre pronta para o disparate.

Com palavrões na ponta da língua só à espera da oportunidade para saltarem e sem medo da discussão com as primas, entre gargalhadas e puxões de cabelo, lá nos entendíamos. (Ou então os adultos separavam, quando a Catarina mordia e não conseguíamos que tirasse os dentes).

Com saltos altos da madrinha pelos corredores, telefonemas endiabrados, banhos no tanque e Pisang Ambon às escondidas.

Com férias sempre na mesma praia e com as mesmas pessoas.

Medos de palhaços, do escuro e de morrer. 
Tão pequenina e já com medo de morrer, por gostar tanto de viver.

Uma menina tímida na escola, uma menina arisca em casa.

Loira, leve e solta.

Assim foi a minha infância.

 Tão feliz!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Do café...

O cheiro do café é o que mais vezes me leva até si, aviva-me a memória.

Sempre que o sinto é impossível não recordar: o cheiro a café que se fazia sentir nas escadas sempre que as subia, ou na cozinha antiga de madeira.

O cheiro do café que inundava a casa e me levava sempre até si.

Todas as vezes que pedíamos "eu também quero tomar café" e os nossos pais diziam "não!", a avó dizia sempre "deixa-a beber!".

Assim eles acediam, porque ias à banca de pedra e colocavas água, tinha mais água do que café, mas era o melhor café do mundo.

Sabias que com isso nos sentiríamos importantes e crescidas, "porque já podíamos tomar café"!

Também sabias que esse era um dos momentos mais cúmplices entre avó e netas!

Tenho saudades avó Miquinhas!