A foto é esta e é avassaladora, é violenta, acho que todas as palavras são poucas para a conseguirem descrever.
Em 2010 frequentei um Seminário "Direito de Asilo e Refugiados", leccionado pela Drª Mónica Farinha, Coordenadora Jurídica do Conselho Português para os Refugiados, e devo dizer que foi a primeira vez que tomei consciência da vida destas pessoas, pessoas como nós, que têm de fugir do local onde nasceram, porque se não o fizerem morrem. Porque é mesmo isso que lhes acontece, se não conseguirem sair do País onde nasceram não vivem mais, acaba ali.
Sei que na altura, o meu trabalho incidiu sobre a "Mutilação Genital Feminina e o Direito de Asilo". Porque muitas meninas que não tiveram a mesma sorte que eu, nasceram em países com práticas horrendas, como esta.
E nós, Portugueses, que vivemos neste País à beira mar plantado, já recusamos pelo menos dois pedidos de asilo a uma cidadã Queniana que fugiu devido a esta prática. A Susan, que em Junho de 2003 chegou a Portugal, com 38 anos e 70,00€ no bolso, deixou para trás um filho, os pais, e o País onde sempre viveu. As opções que tinha eram: permanecer no Quénia e ser sujeita à MGF ou fugir do país de origem e manter intocados os seus órgãos genitais. Susan escolheu a fuga! A história está aqui desde 2003!
Agora espero que esta foto seja a viragem, seja o abalo de consciência que todos nós precisamos.
Agora conhecemos a história de Aylan Kurdi, que segundo os media Turcos, tinha 3 anos, e devia estar a brincar, como estão as nossas crianças. Devia estar a ser mimado e acarinhado. O Aylan e a sua família, dizem os Turcos, só queria fugir do local onde vivia, um lugar dominado pelos Jihadistas, e para isso tentaram chegar ao Canadá e o que aconteceu?! Pois, isso mesmo, a maldita burocracia. O facto de terem de ser considerados refugiados perante a ONU, tretas, tretas e mais tretas.
E nós deste lado pensamos "o drama dos Refugiados na Europa"? Então onde vivemos nós?! Não somos nós Europeus?!
Eu sei que não posso ficar quieta, eu sei que temos todos de fazer alguma coisa e para já, tal como fez A Pipoca, podemos contribuir aqui:
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